Esquema de corrupção no MEC com pastores pediu propina em pneu, diz empresário

Milton Ribeiro avalizou esquema de corrupção que envolvia R$ 5 milhões escondidos em pneu de caminhonete


Milton Ribeiro, o ex-ministro da Educação de Jair Bolsonaro, avalizou esquema de corrupção com o envio de R$ 5 milhões de propina em dinheiro vivo escondido dentro do pneu de uma caminhonete que transitaria entre Belém, Pará, e Goiânia, Goiás.

É o que declara o empresário e atual candidato a deputado estadual do Pará, Ailson Souto da Trindade (Progressistas).

Ele detalhou em reportagem do Estadão a negociação dentro da gestão de Milton Ribeiro, no MEC, de contratos para favorecer empresas em obras federais em troca de reformas em ingrejas dos pastores Gilmar Santos e Arilton Moura.

O empresário denunciou ao jornal e trouxe mais elementos às acusações de corrupção no Ministério da Educação do governo Bolsonaro.

A acusação

Ele disse ter ouvido de Milton Ribeiro, em janeiro do ano passado, que as obras públicas estavam garantidas para a sua empresa, mas que precisaria de “ajuda” para igrejas no Maranhão e no Pará, como “troca” dos contratos.

“Ele se apresentou: ‘Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso'”, narrou.

O pastor disse ao empresário que fecharia um contrato falso entre a igreja e a empresa de Ailson. Gilmar disse que eles precisavam de R$ 100 milhões para as igrejas, R$ 5 milhões deste montante de forma imediata.
“R$ 5 milhões em dois dias”

“Eles queriam R$ 5 milhões em dois dias. Eu falei: ‘mas eu não posso fazer esse tipo de negócio, eu sou empresário, eu não vou fazer uma coisa assim sem nenhum contrato’. E eles queriam que eu colocasse no pneu de uma caminhonete e mandasse para lá. Eu disse: ‘não, gente, vamos fazer em conta porque como é que eu vou saber… se não der certo, como vou provar que eu paguei?'”, disse.

“Aí eu fiquei com medo desse tipo de negociata. Daí queriam 5 milhões logo e depois de 15 dias queriam mais R$ 50 milhões”, detalhou.

A investigação tramita também no Supremo Tribunal Federal (STF) por apurar a interferência do próprio presidente, Jair Bolsonaro, na operação da Polícia Federal. Em ligação grampeada, Milton Ribeiro conta à sua filha que o presidente tinha alertado ele da investigação.