O crime ocorreu em março de 2018 e o julgamento começou na quarta-feira (30)
Os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram condenados, na tarde desta quinta-feira, 31, pelo assassinato da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. O crime ocorreu em março de 2018 e os réus estão em julgamento desde a quarta-feira, 30.
Ronnie Lessa foi condenado a 78 anos e 9 meses. Élcio de Queiroz a 59 anos e 8 meses. Os dois também deverão pagar juntos R$ 706 mil em indenização por dano moral para cada uma das vítimas: Ágatha, Arthur, Luyara, Mônica e Marinete. Os dois também devem pagar uma pensão até os 24 anos para Arthur, filho de Anderson Gomes.
A decisão é do IV Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ). Com 7 votos a 0, os réus foram condenados em todos os quesitos analisados pelos jurados. “A Justiça chegou para os senhores”, disse ao juíza Lúcia Glioche ao ler a sentença.
Os dois foram denunciados pelo Grupo de Atuação Especializada de Combate ao Crime Organizado para o Caso Marielle Franco e Anderson Gomes (Gaeco/FTMA) do por duplo homicídio triplamente qualificados, um homicídio tentado, e pela receptação do Cobalt utilizado no dia do crime. Ronnie e Élcio foram presos em março de 2019.
O processo que levou à prisão de Lessa e Queiroz tem 13.680 folhas, 68 volumes e 58 anexos. Ambos fizeram delação premiada com a Polícia Federal desde o ano passado para identificar os mandantes do crime. O MP pediu a condenação dos dois a 84 anos de prisão.
Após a delação, Lessa apontou o deputado federal Chiquinho Brazão e o conselheiro do Tribunal de Contas, Domingos Brazão, como mandantes do crime, e ainda Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio, por ter ajudado a planejar a execução. Esse processo tramita no Supremo Tribunal Federal e o julgamento ainda não foi marcado.
No julgamento dos assassinos da vereadora Marielle Franco, o advogado Saulo Carvalho, defensor de Ronnie Lessa, justificou, durante a sustentação oral, as pesquisas que o ex-sargento fez para planejar o crime, incluindo até buscas sobre o ex-deputado Marcelo Freixo, como algo que seria esperado “de uma pessoa de direita” e morador da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio.
“Com relação às pesquisas que ele (Ronnie) fez em relação a Marcelo Freixo, Ronnie Lessa era morador da Barra da Tijuca, um lugar evidentemente, de sua maioria de direita, às vezes até de extrema-direita. Alegar que Ronnie Lessa pesquisou Marcelo Freixo em situações, enforcamento, morte da Dilma, etc…isso aí para uma pessoa de direita, muitas das vezes é até o que se espera, infelizmente”, afirmou Carvalho.
Ao analisar os dados da nuvem de Lessa, os investigadores descobriram que Lessa tinha feito pesquisas sobre os endereços de Freixo, de sua filha e também 28 buscas sobre o ex-deputado e utilizando termos como “morte+de+marcelo+freixo” e “marcelo freixo enforcado”.
Ao falar para o júri, o advogado pediu a condenação de Lessa. No entanto, pediu que seja feita uma “condenação justa”.