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sábado, 1 de maio de 2021

Defesa aciona STJ por habeas corpus de militante preso por criticar Bolsonaro

Rodrigo Pilha foi preso no dia 18 de março após estender uma faixa com os dizeres "Bolsonaro genocida" em Brasília

Foto: Agência PT
Por Lu Sudré

O advogado Thiago Turbay, que defende o militante Rodrigo Pilha, preso em 18 de março após estender uma faixa com os dizeres “Bolsonaro genocida” em Brasília, afirmou, em entrevista ao Brasil de Fato, que protocolou um recurso de habeas corpus no Supremo Tribunal de Justiça (STJ) nesta sexta-feira (30).

A defesa pede que seja feita uma análise se houve fundamentação adequada na fixação do regime inicial de Pilha.

“Esse recurso trata especificamente do cumprimento da pena em um momento de caos, em que o Distrito Federal apresenta o segundo maior número de contágios de covid-19 no seu sistema prisional, segundo dados do CNJ [Conselho Nacional de Justiça]", afirmou o advogado.

A defesa já tinha entrado com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Distrito Federal, mas o pedido foi negado.

"Um cumprimento de pena de delitos que não houve gravidade, não houve ameaça, não houve violência, não faz sentido mantê-lo preso em um momento de caos, em que não se pode oferecer a mínima assistência à saúde aos apenados”, ressalta Turbay.

O segundo argumento do recurso está relacionado a fixação do regime. No momento, Pilha cumpre o semiaberto, ou seja, sai da prisão para trabalhar e volta em horários delimitados.

Agora, a defesa pede ao STJ que o militante seja contemplado com o regime aberto."O Rodrigo e a sociedade como um todo precisam ficar mais vigilantes a partir desses episódios. Acho que não dá pra dizer que estamos em uma normalidade institucional", ressalta o advogado.

Denúncias de tortura na prisão

Nesta sexta-feira (30), o juiz Luís Geraldo Sant’Ana Lanfredi do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) determinou que sejam apuradas as denúncias de tortura que o militante teria sofrido dentro da prisão, veiculadas pela Revista Fórum, por meio de ofício enviado à Vara de Execução Penal do Distrito Federal (VEP), Secretaria de Estado de Administração Penitenciária do Distrito Federal, Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e a Defensoria Pública do Distrito Federal.

De acordo com o advogado de Rodrigo Pilha, a preocupação maior da defesa do militante é com a segurança dele dentro da penitenciária. Para Turbay, é importante que não exista nenhum abuso por parte dos funcionários locais e que faltas disciplinares não sejam provocadas por eles para fazer com que isso prejudique Pilha em uma regressão de regime.

“O Ministério Público tem que tomar conhecimento e providência imediata para os casos de violência e agressão para evitar que novos episódios de violência ocorram. O Ministério Público também é responsável pelo tutelado. O Rodrigo é responsabilidade do Estado. Essas próximas horas do Rodrigo não podem ser horas de tensão”, ressalta.

Também nesta sexta, o MPDFT foi acionado para instaurar imediata apuração das denúncias de agressões contra o militante.

A solicitação foi feita pela presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados (CDHM) e tem como base informações apresentadas em matéria da revista Fórum publicada na noite de quinta-feira (29).

O texto apresentado pela comissão foi de autoria do jornalista Renato Rovai relata episódios de tortura contra o ativista dentro do Centro de Detenção Provisória II, no Complexo Penitenciário da Papuda. Ele teria sido fortemente agredido por agentes policiais assim que chegou ao local.

“A recepção de Pilha foi realizada com crueldade. Ele recebeu chutes, pontapés e murros enquanto ficava no chão sentado com as mãos na cabeça. Enquanto Pilha estava praticamente desmaiado, o agente que o agredia, e do qual a família e advogados têm a identificação, perguntava se ele com 43 anos não tinha vergonha de ser um vagabundo petista. E dizia que Bolsonaro tinha vindo para que gente como ele tomasse vergonha na cara”, descreve o jornalista.

Uma primeira notícia sobre a ocorrência de agressões já havia sido publicada, sem maiores detalhes, pelo jornalista Guga Noblat em 12 de abril. Ele teve acesso aos autos do processo no qual constava um relatório médico com registros de hematomas e escoriações, o que fortalece a denúncia de que Pilha teria recebido tapas, socos e chutes na costela.
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