O desfecho é a explosão de Desalentados na Força de Trabalho - ou seja, aquelas pessoas que simplesmente desistiram de procurar empregos.
Por Luis Nassif
O que aconteceu com o emprego brasileiro, depois de 7 anos de políticas ultraliberais, privatização, reforma trabalhista, reforma da Previdência. Como se recorda, toda a mídia ecoava o mercado e dizia que, se fosse feita a lição de casa a economia se tornaria mais eficiente, geraria mais e melhores empregos, e todos seriam felizes.
Vamos a algumas comparações a partir da última PNADM (Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Mensal).
Em comparação com nov-jan de 2015, o quadro fica assim:
- A População Economicamente Ativa (pessoas em idade de trabalhar) cresceu 12,6 milhões de pessoas.
- A Força de Trabalho (população efetivamente atrás de emprego) aumentou apenas 7,9 milhões. Cria-se uma primeira defasagem aí.
- Mas a Força de Trabalho efetivamente empregada aumentou apenas 2,7 milhões.
- Já a Força de Trabalho desempregada aumentou 5,2 m
- ilhões.
- E o pessoal fora da Força de Trabalho cresceu 4,7 milhões.
- A soma de Desocupados + Fora da Força de Trabalho cresceu 9,9 milhões e representa inacreditáveis 44,7% de toda a População Economicamente Ativa.
Confira os números gerais, comparativamente, entre nov-dez-jan de 2015 e nov-dez-jan de 2022.
A Força de Trabalho aumentou 7,860 milhões de pessoas. Mas o emprego aumentou apenas 2,685 milhões. Por isso, a Força de Trabalho desocupada aumentou 5,175 milhões e o contingente Fora da Força de Trabalho aumentou 4,706 milhões.
O mesmo quadro, em termos percentuais, como proporção da População Economicamente Ativa. A Força de Trabalho ocupada caiu de 58% para 55,3%; a Força de Trabalho desocupada aumentou de 4,3% para 7%.
O desfecho é a explosão de Desalentados na Força de Trabalho – ou seja, aquelas pessoas que simplesmente desistiram de procurar empregos.
E também de Desocupados e Subocupados (os que vivem de bico).
Confira que não se trata de uma obra única de Paulo Guedes, mas de um trabalho sistemático de mercado que vem desde Joaquim Levy, o último Ministro da Fazenda de Dilma Rousseff.
Em todo esse período, vendeu-se a quimera de que bastaria equilibrar o orçamento – através de cortes profundos nas despesas – para cair a curva futura de juros e o investimento transbordar.
Obviamente nada disso aconteceu. O corte de despesas acentuou ainda mais a queda da economia e a reforma trabalhista veio acompanhada de ingredientes de crueldade social – como matar qualquer possibilidade de acesso dos trabalhadores à Justiça do Trabalho além de quebrar a perna dos sindicatos.
A pandemia e os erros de Guedes vieram apenas acentuar os vícios de um modelo que fracassou.