Fazendeiro condenado pela Chacina de Unaí é preso após mais de um ano foragido

Noberto Mânica estava foragido desde 2023, quando foi condenado a 64 anos de prisão.

Por Dara Russo

Norberto Mânica, condenado pela morte de quatro servidores do Ministério do Trabalho, durante uma fiscalização em Unaí, no Noroeste de Minas, foi preso nessa quarta-feira em Nova Petrópolis, na serra gaúcha. O caso, que aconteceu em 2004, ficou conhecido nacionalmente como 'Chacina de Unaí'.

Mânica estava foragido desde 2023, quando foi condenado a 64 anos de prisão. Segundo a Polícia Civil gaúcha, as investigações apontaram que o condenado poderia estar escondido no interior do município, na divisa com o município de Gramado. Ele é último dos sete condenados a ser preso.

Durante a operação, o Norberto Mânica foi localizado e preso sem oferecer resistência. Inicialmente, ele estava sem documentos e tentou ocultar sua identidade, fornecendo informações falsas. No entanto, após diligências e confronto de dados, confessou ser o procurado pela Justiça.

A chacina de Unaí ocorreu em 28 de janeiro de 2004. As vítimas eram os fiscais do trabalho Erastóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares e Nelson José da Silva, além do motorista Ailton Pereira de Oliveira, que apuravam denúncias de trabalho análogo à escravidão.

Além de Norberto, o irmão dele, o também fazendeiro Antério Mânica, foi condenado pelos crimes de quádruplo homicídio, triplamente qualificado por motivo torpe, mediante pagamento de recompensa em dinheiro e sem possibilidade de defesa das vítimas.

Antério Mânica se entregou à Polícia Federal em setembro de 2023, permaneceu no sistema prisional por pouco mais de um ano e teve prisão domiciliar decretada pela Justiça no fim do ano passado, por questões de saúde.

Outros cinco homens também foram condenados por participação no planejamento e execução dos assassinatos.

Em novembro do ano passado, a Justiça Federal de Minas Gerais condenou os autores e mandantes da Chacina de Unaí a ressarcirem a União em cerca de R$ 30 milhões pelos benefícios pagos aos familiares dos quatro servidores públicos assassinados. Além disso, foi determinada a restituição do montante pago em pensões aos dependentes das vítimas, bem como o pagamento dos honorários advocatícios, fixados em 10% do valor total da condenação.

Em nota, a Superintendência Regional do Trabalho em Minas Gerais afirmou que conta com o deslocamento de Norberto Mânica para cumprir pena em Minas Gerais. O órgão afirmou que vai solicitar, também, que as autoridades judiciais informem a situação atual de cada um dos outros seis condenados.