Apoio ao senador desanima ala mais pragmática e expõe racha na direita após ex-presidente comunicar escolha aos aliados
Tatiane Correia
O ex-presidente Jair Bolsonaro sinalizou apoio à candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) à Presidência da República nas eleições de 2026. A decisão já foi confirmada por dirigentes do partido.
Segundo a coluna de Paulo Cappelli, do portal Metrópoles, Bolsonaro entende que Flávio possui perfil adequado para unificar o partido e atrair o apoio de governadores aliados — como Tarcísio de Freitas (SP) e Cláudio Castro (RJ) —, ao mesmo tempo em que atribui ao filho o potencial de “musculatura eleitoral” a partir de uma campanha estruturada e agendas nacionais.
A decisão de Bolsonaro revela uma clara tentativa de preservar o controle sobre seu legado e manter a hegemonia familiar na disputa. Enquanto seus apoiadores celebram a escolha, lideranças ligadas a Tarcísio manifestaram desalento.
Porém, esse movimento pode reduzir o alcance eleitoral do bolsonarismo para além de seu núcleo duro, especialmente em um 2026 com o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva como provável candidato à reeleição.
Mercado reage: Bolsa cai e dólar dispara
A repercussão foi imediata no mercado financeiro. Após a divulgação da decisão, o real passou a ser uma das moedas emergentes mais desvalorizadas do dia, e o principal índice de ações da Bolsa brasileira recuou.
Na reta final das operações, a cotação do dólar comercial chegou a disparar 2,35%, sendo negociada a R$ 5,435 na compra e na venda, enquanto o Ibovespa (Índice da Bolsa de Valores de São Paulo) despencou 3,96%, aos 157,9 mil pontos.
Investidores, que apostavam numa candidatura mais moderada e com maior apelo entre empresários — como a de Tarcísio de Freitas — viram o anúncio como um aumento do risco político e de incertezas.
