Na noite desta sexta-feira (20), um caso de racismo marcou a partida entre as equipes femininas de Grêmio e River Plate (ARG) pela Brasil Ladies Cup, no estádio do Canindé, em São Paulo. O jogo foi paralisado no fim do primeiro tempo, após Candela Díaz, jogadora do time argentino, fazer gestos de macaco em direção a um gandula. A confusão resultou na expulsão de seis atletas do River Plate, encerrando o confronto pela ausência do número mínimo de jogadoras em campo.
A técnica do Grêmio, Thaissan Passos, denunciou que as atletas gremistas também foram alvo de injúrias raciais ao longo do jogo, sendo chamadas de “macaca” e “negrita” pelas adversárias. “Até quando vamos fingir que não existe racismo e machismo? Situações como essa não podem continuar acontecendo”, afirmou Thaissan em entrevista ao SporTV.
A paralisação do jogo durou cerca de 30 minutos, evidenciando o impacto moral que esses atos têm sobre as vítimas. Apesar do empate em 1 a 1, que garantiu a classificação do Grêmio para a final contra o Bahia, o episódio reacendeu o debate sobre o aumento dos casos de racismo no futebol brasileiro.
De acordo com o Observatório da Discriminação Racial no Futebol em relatório divulgado em setembro deste ano, 136 casos de racismo foram registrados em 2023, um aumento de quase 40% em relação ao ano anterior. O levantamento, feito em parceria com a CBF e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, aponta ainda outros tipos de discriminação no futebol, como xenofobia (13 casos), machismo (8) e LGBTfobia (38).
Em comunicado, Marcelo Carvalho, diretor do Observatório, a maior conscientização tem contribuído para que atos racistas sejam denunciados, muitas vezes por pessoas não negras. Contudo, o crescimento dos números reflete a necessidade de medidas mais rigorosas.
O episódio no Canindé é mais um lembrete de que o racismo persiste como uma barreira à inclusão no esporte. O futebol, reflexo da sociedade, precisa adotar respostas contundentes para garantir que o gramado seja um espaço de respeito e igualdade.