Diretora de Inteligência do Ministério da Justiça agiu na eleição para favorecer Bolsonaro

Em mensagens, Marília Ferreira de Alencar mostrava seu engajamento em favor do ex-presidente

Juliana Dal Piva

A Polícia Federal indiciou Anderson Torres, ex-ministro da Justiça, e outros quatro delegados da própria PF, que estava cedidos ao Ministério da Justiça (MJ) durante o governo Bolsonaro, na conclusão do inquérito do uso da PRF para tentar impedir que eleitores chegassem às zona eleitorais para a votação segundo turno da eleição de 2022.

A PF descobriu nos celulares dos delegados da PF um grupo de mensagens nos quais eles, ao mesmo tempo em que faziam um planejamento operacional para a PF no dia da eleição, também falavam abertamente em tom de campanha a Bolsonaro. O objetivo, segundo os investigadores, era que a PF atuasse em parceria com a PRF para atrapalhar as zonas eleitorais onde se esperavam mais votos para a chapa petista.

A então diretora de inteligência, Marília Ferreira de Alencar chegou a escrever no grupo mensagens dizendo que “só desisto no dia 30/10, 22h”.

Em outra conversa por aplicativo, ela diz: “belford roxo o prefeito é vermelho precisa reforçar pf”. E em seguida: “menos 25.000 votos no 9” (seria uma referência a Lula, que era chamado no grupo por “Nine”, pelo fato de ter apenas nove dedos). Marília escreveu ainda as frases “agora vai ser por pouquíssimo pra qualquer lado” e “por isso tão importante prf ir pras ruas e pf tb”.

Além dos delegados da própria PF, a Polícia Federal indiciou quatro ex-diretores e coordenadores da Polícia Rodoviária Federal por envolvimento em crimes relacionados às tentativas de impedir o trânsito de eleitores nas eleições de 2022, como informou o repórter Aguirre Talento no UOL. O relatório da PF identificou crimes cometidos por subordinados do ex-diretor da PRF, Silvinei Vasques, durante o planejamento e a execução dos trabalhos dos policiais rodoviários nesse período.

A investigação apontou que diretores e coordenadores de inteligência do órgão atuaram de forma ilegal, montando blitz e barreiras policiais em estradas no interior do Nordeste de forma a tentar impedir eleitores de votar no segundo turno das eleições em 30 de outubro de 2022. De acordo com a PF, o planejamento foi montado sem justificativa técnica apenas para tentar dificultar o voto no candidato do PT, Lula.