DIA DE CALÇÕES PRETOS
Mineiro, natural de Barão de Cocais. Genial com a bola nos pés. Driblava com grande habilidade e técnica. Futebol moleque!
Para o “maestro” Junior: “Jogava bola brincando, fazia as coisas mais inimagináveis com uma simplicidade que encantava”.
Geraldo era contemporâneo de Zico. Surgiram juntos nas divisões de base da Gávea, tinham uma ligação tão forte que seu Antunes (pai do Galinho) chamava o Geraldo de “meu filho marronzinho”.
Futebol solto, cabeça erguida e um controle absurdo da bola nos pés. Fazia lembrar o craque Didi. Zico dizia: “Geraldo não sabia a cor da bola (…) tinha uma elegância danada”.
Formou com o “Galo” uma grande dupla. Geraldo, um camisa 8 clássico, meia armador de estilo refinado, não gostava muito de finalizar, era notado mais pelas assistências milimétricas. Já Zico, um autêntico camisa 10, meia atacante agudo, finalizador nato. Campeões do Campeonato Carioca de 1974. Se completavam. Se contemplavam.
Geraldo se firmou como titular do rubro-negro em 74, barrando ninguém menos que o consagrado Afonsinho. Em 75, Brandão o levou para a seleção, chegando a disputar sete jogos com a amarelinha. Estreou entre os onze contra o Peru, já nas semifinais da Copa América.
O técnico Cláudio Coutinho dizia que Geraldo se encaixaria perfeitamente no Brasil da Copa do Mundo de 1978.
O cantor e rubro-negro Jorge Ben Jor, dizia que “Geraldo penteava a bola na frente do zagueiro, não queria saber quem fosse, era o rei da bola”. É inevitável pensar o que seria desse homem jogando no grande Flamengo de 81.
No entanto, Geraldo, no auge de sua carreira, sofria de uma inflamação crônica na garganta. Os médicos aconselharam extrair as amígdalas, algo que ele se recusava. Por fim, acabou convencido que seria melhor para ele.
Em 76, o mineiro alegre se interna no hospital Rio Cor em Ipanema, o médico aplicou-lhe uma anestesia local. Após 20 minutos os sentidos do paciente foram alterados e seu coração parou de funcionar. A equipe médica tentou reanimá-lo sem sucesso. Foi vítima de um choque anafilático (reação alérgica grave) provocado pela anestesia.
No dia 26 de agosto de 1976, aos 22 anos, Geraldo deixa sua família, seus amigos, sua torcida… Jovem alegre, assoviador, cheio de vida e de talento!
Morreu na cadeira de um dentista, de calça jeans, chinelo e sem camisa. Como se fosse extrair um dente. Não voltou mais.
Um minuto de silêncio… Rondinelli abatido. Luisinho reflexivo. Zico emocionado. Um Flamengo destroçado.
No dia 1° de setembro de 1976, depois de 21 anos, o rubro-negro volta a jogar de calções pretos.