Diário, silasquei-me! O Careca vai botar a polícia fazendo campana aqui na minha porta. Assim fica meio complicado fugir para a embaixada dos EUA.
Posso pedir pro Piquet me levar. Aposto que ele ia chegar na embaixada em menos de dez minutos. Mas acho que eu ia me borrar de medo e depois o Trump nunca mais que apertava minha mão. Era me ver, tapar o nariz e dar meia volta.
Será que o Tarcísio topa me levar no porta-malas?
Falando em mala, já estou fazendo a minha, porque pode ser que o Testa Longa peça minha prisão preventiva.
Estou levando dez camisas da seleção, meu Playstation, uma caneta Bic da Compactor e um celular pré-pago para falar com meus acepipes, que nem o Braga Netto usa lá na cadeia dele.
Se eu não for preso, Diário, quero ir no meu julgamento. É uma chance de fazer umas boas cenas para viralizar. Mas meus adevogados acham ruim. Dizem que eu tenho que me fazer de coitado e ficar em casa, porque eles querem pedir prisão domiciliar por causa da facada e, seu for no julgamento, fica na cara que eu posso ir pra prisão normal.
Ir ou fingir?, eis a cuestão. A vida de um pré-preso é cheia de dúvidas. Só torço para não acabar na mesma cela que o Roberto Jefferson. Ele ia me lamber a mão, que nem cachorro. Ou morder, sei lá.
Também não quero ficar com nenhum dos meus três filhos mais velhos. O Bananinha só ia ficar me xingando, eu não entendo o que o Carluxo diz e o Flavinho ia suspirar e falar o tempo todo: “Comprei uma mansão tão grande e acabei aqui...”
Olha, Diário, vou torcer para eles me mandarem para uma solitária.
